quinta-feira, 19 de maio de 2011

Arte Barroca

A arte barroca originou-se na Itália, no séc. XVII, e não tardou a irradiar-se por outros países da Europa. Foi uma época de conflitos espirituais e religiosos, quando o homem se colocou em constante dualismo: Paganismo x Cristianismo, e Espírito x Matéria. Chegou ao continente americano trazida pelos colonizadores portugueses e espanhóis.
O nome barroco somente foi definido para esse tipo de manifestação artística no fim do século XVIII – após o renascimento do clássico -, e definia um tipo de abuso!
A origem do nome pode ser associada do espanhol Barrueco, ou até mesmo do português Barroco, designativo de pérolas de forma irregular, nome esse usado por joalheiros até esses dias. Mas, o mais provável é que tenha surgido como um sinônimo de argumento tortuoso da lógica, um termo escolástico que definia o absurdo e o grotesco. Assim, o Barroco pode ser entendido como a manifestação artística que desafiou as regras do Renascimento e assim foi definida por seus inúmeros críticos. Somente no início do século XX os estudiosos da arte passaram a dar importância a esse movimento, concedendo aos artistas barrocos o seu verdadeiro valor. De fato, o Barroco deu uma inestimável contribuição a arte européia e não foi simplesmente um retrato da decadência do Renascimento.
A manifestação barroca é encontrada, com maior intensidade, nas cidades de influência da igreja Católica Apostólica Romana e, aparentemente, foi uma forma de arte nascida da necessidade dar vida à Contra-Reforma e tentar diminuir a influência do Protestantismo na fé cristã. Com esse fim, a igreja Romana precisava da um tipo de pintura e de escultura que pudesse transmitir emoções, contrapondo-se ao frio e científico estilo clássico. Isso explica porque as obras barrocas romperam o equilíbrio entre o sentimento e a razão ou entre a arte e a ciência. Na arte barroca predominam as emoções e não o racionalismo da arte renascentista. E isso os artistas e arquitetos barrocos foram capazes de retratar, criando efeitos visuais e representando o sobrenatural de uma forma incrivelmente realista.

CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DA ARTE BARROCA

No fundo, o estilo Barroco não era uma coisa absolutamente nova, como se pode hoje interpretar Cubismo como algo que revolucionou a arte. Formalmente o Barroco foi influenciado pelo Maneirismo, pela Arte Gótica e pela Arte Antiga (grega e romana). O que havia de realmente novo era a forma de construção do trabalho - curvas, contracurvas e colunas retorcidas -, as técnicas a ele aplicadas – senso de profundidade -, e uma agressiva abordagem de luz e sombra. Assim as emoções foram grandemente enfatizadas, tanto na pintura, quanto na escultura. No entanto, em trabalhos-mestres, como túmulos ou interiores de igrejas, normalmente o Barroco e o Clássico (até mesmo o Maneirismo) conviveram de forma harmônica e equilibrada.
A síntese dessas características é:
emocional sobre o racional;
busca de efeitos decorativos e visuais, através de curvas, contracurvas, colunas retorcidas;
entrelaçamento entre a arquitetura e escultura;
violentos contrastes de luz e sombra;
pintura com efeitos ilusionistas, dando-nos às vezes a impressão de ver o céu, tal a aparência de profundidade conseguida.
Enquanto para a arte renascentista o linear, o plano, a forma fechada, a unidade divisível e a clareza absoluta foram os conceitos fundamentais, no barroco, o pictórico, a profundidade, a forma aberta, a unidade indivisível e a clareza relativa, determinaram a mudança desses conceitos. Aliás, o Barroco pode ser entendido como a maneira de transformação de qualquer forma de arte.

DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO

O desenvolvimento do estilo Barroco começou na Itália, por volta de 1.600, quando um grupo de pintores - dos quais os mais importantes foram Michelangelo, Caravaggio e Carracci -, decidiram fazer renascer a antiga Arte Romana, forçando a decadência do Maneirismo.
No entanto, foi o pintor Rubens (Espanhol), que estudou na Itália entre 1.600 e 1.608, quem criou o estilo Barroco, aplicando em suas pinturas muita vitalidade, muita cor e muito realismo.
Na Itália, o Barroco se desenvolveu com maior agressividade, já que Roma (a Igreja), era a principal responsável pela construção de templos, monumentos e praças, que precisavam ser decoradas de acordo com a tendência religiosa daqueles dias.
Nessa trilha surgem o escultor e arquiteto Bernini, o arquiteto Borromini, o pintor Cortona (o mestre do ilusionismo barroco, com sua obra-mestra Triunfo da Divina Providência, 1633-1639, Palazzo Barnerini, Roma).

O BARROCO FORA DA ITÁLIA

O Barroco foi um fenômeno de manifestação artística, espalhando-se por todas as regiões européias, assim como para as Américas, trazido pelos portugueses e espanhóis. Cada região foi adaptando o estilo e a técnica, interpretando-as dentro de sua ótica regional.
Na Alemanha, a seguidora mais ortodoxa do Barroco, Neumann foi seu mais fiel representante.
Na França, ele foi recebido com uma certa reserva e nunca pode manifestar-se em sua forma mais livre. Lá, o Barroco assumiu uma forma mais clássica, mas não menos bela, e foi responsável pela construção de alguns palácios e igrejas. Sua manifestação mais famosa é representada pelo Palácio de Versailles (1669-1703).
Na Holanda protestante, o Barroco ficou, a princípio, confinado à escultura. No entanto, Rembrandt rompeu com essa restrição tornando-se o mais famoso pintor Barroco de lá (A Vigília, 1642 - Rijksmuseum, Amsterdam).
Na também protestante Inglaterra, o Barroco foi utilizado para projetos de grandes prédios públicos. A obra mais famosa é a Catedral de São Paulo (1675-1708), projetada por Sir Christopher Wren.
Em Portugal e na Espanha o Barroco foi interpretado de uma maneira mais piedosa e populista, influência essa trazida para as Américas pelos colonizadores. Exemplos dessa faceta barroca são a pintura da Imaculada Conceição de Murillo (1.660, Museu do Prado, Madri) e a fachada da Catedral de Santiago de Compostela (terminada em 1750).

O BARROCO NO BRASIL

Na metade do século XVIII, o Barroco já tinha entrado em declínio na Europa. Mas em algumas regiões do Brasil, especialmente em Minas Gerais, ele teve um último desenvolvimento, estimulado pela riqueza gerada pela descoberta de ouro e pedras preciosas.
nasceu um gênio cuja arte eternizou - em altares, estátuas e capitús - o esplendor de uma época de excessos e esperanças. O obra do Aleijadinho é tudo que restou dos áureos dias do Brasil.
Nasceu em 1730, em Vila Rica (hoje Ouro Preto). O pai, que desenhava fachadas de igrejas e entalhava altares, fez o filho estudar e levou-o, já adolescente, a trabalhar em sua oficina. Em pouco tempo, Antônio Francisco já demonstrava seu inimitável talento.
Foi, entretanto, depois do aparecimento de sua doença que sua obra começou a tomar-se realmente grandiosa: suas esculturas, caracterizando-se pêlos rostos emagrecidos, que deixam entrever os ossos sob a pele,e pelo exagero dos pés e mãos, impressionam pela originalidade. Os seus grandes grupos estatuários são desse período (1796 a 1799): Os Passos da Paixão em madeira, e os Doze Profetas, em pedra-sabão, que se encontram no Santuário de Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas do Campo.
Faleceu em 18 de novembro de 1814, aos 84 anos, tendo passado os dois últimos anos de sua vida sem sair do leito, quase cego e paralítico. O Museu da Inconfidência, que se encontra em Ouro Preto, possui diversas estátuas de sua autoria, como as de São Jorge, Nossa Senhora e a do Senhor da Coluna. As igrejas de Sabará, Tiradentes, Nova Lima e outras, têm imagens ou trabalhos de entalhe feitos em altares, púlpitos etc.

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